Ao longo da pandemia do Covid-19, o fato de praticamente todo mundo no Brasil ter ficado confinado à sua própria casa por muito tempo provocou um fenômeno interessante: uma corrida às lojas de material de construção para a realização de reformas nas casas e apartamentos, pois elas viraram o lugar de trabalho e convívio familiar 24h por dia, 7 dias na semana. Muita gente entendeu que, já que ficariam o tempo todo dentro de casa, nada melhor do que fazer aquela reforma que há tanto tempo era planejada!
Talvez o fato mais importante quando alguém decide fazer uma reforma é a constatação de que a situação atual está aquém do que deveria ser. Reformamos uma casa quando percebemos que ela deveria estar funcionando melhor. Reformamos o corpo por meio de uma dieta se percebemos que ele não está em forma como deveria. E com a vida espiritual não é diferente. Não poucas vezes precisamos de uma reforma no espírito quando percebemos que nossa vida não está alinhada com o que conhecemos da Palavra de Deus.
A Reforma Protestante foi um desses momentos, há mais de 500 anos, quando parte da Igreja de Cristo entendeu que não poderia continuar da forma como vinham procedendo. Era necessário retornar para alguns ensinamentos básicos, como a centralidade da Palavra, de Jesus Cristo e de Sua salvação pela graça.
Hoje, depois de fechar temporariamente os templos e reformar casas, é tempo de refletirmos se não estamos no momento de uma nova reforma espiritual, desta vez pessoal. Retornamos para as reuniões públicas como igreja, mas há uma sensação entre muitos de que algo ficou de alguma maneira perdido na pandemia. Durante o chamado lockdown, muitos falavam que, quando pudéssemos retornar à vida comum pública, todos voltariam correndo e cheios de vontade de liberar toda a energia retida pela falta de relacionamentos, mas não parece ter sido essa a nossa experiência.
Independentemente do que nos levou ao ponto onde estamos com nossa casa, a conclusão é que uma reforma é mais do que bem-vinda nesse momento. É necessária! A sociedade está carente de uma Igreja viva, cheia do Espírito, que seja capaz de apontar o caminho que supere o medo e a desconfiança. O plano de ação para essa reforma pós-pandemia não é diferente daquela de 500 anos atrás. É preciso colocar Jesus novamente como o centro de nossas vidas. É preciso tornar à Palavra de Deus como regra única de fé e prática. É preciso voltar a viver a dependência exclusiva da graça de Deus e é imprescindível retornarmos a uma vida comum baseada no amor ao próximo mediante a comunidade da fé.
Como aconteceu a partir de Martinho Lutero, uma grande reforma começa com a decisão de uma pessoa de obedecer a Palavra, não importa quais sejam os custos. Então, o que estamos esperando?
- Pr. Luis F. Nacif Rocha Pastor Auxiliar
