Não sei qual é a sua história como motorista. Aprendi a dirigir desde muito cedo. No trânsito, sempre fui um motorista ansioso, que gostava de correr e que não fugia de uma discussão ou briga no trânsito. Como trabalhava e estudava, queria sempre pegar atalhos, entrar na frente dos outros carros e tirar vantagem, sempre que possível.
Fui um motorista assim até meus 27 anos, quando então me converti. Me lembro como se fosse hoje, quando cheguei para o culto matutino na Oitava Igreja e, naquela manhã, o pregador não seria o Pr. Jeremias, mas sim um pastor convidado: Rev. Antônio Elias.
Para quem não teve o privilégio de conhecer este grande homem de Deus, nesta época ele já estava com mais de 80 anos, já era um pastor jubilado, mas ainda pregava com paixão, autoridade e muita unção.
Naquela manhã de domingo, parece que a Palavra foi direta para mim. No meio do sermão, ele perguntou se alguém que estava ali era um motorista agressivo, que gostava de correr e que procurava briga no trânsito; na hora fiquei pensando se alguém tinha falado de mim para ele. Eu sabia que aquelas atitudes eram as minhas quando assumia o volante de um automóvel.
A mensagem continuou, e o Rev. Antônio Elias nos propôs o seguinte: imagine que você está dirigindo o seu carro, e o trânsito está supercongestionado; e você está com pressa, mas imagine que no seu carro está você dirigindo e que o Senhor Jesus está do seu lado, assentado no banco do passageiro.
Se você estiver no trânsito supercongestionado, mas Jesus estiver sentado ao seu lado no banco do passageiro, você vai reclamar, xingar, brigar, furar o sinal e agir da forma que você sempre dirige? Não sei qual seria a sua resposta, mas eu falei comigo mesmo: se Jesus estiver do meu lado, não vou falar palavrão, não vou brigar e não vou fazer nada de errado. Se Jesus estiver do meu lado, tenho que dirigir de forma a não escandalizar o meu Mestre.
Tapa na minha cara. Foi assim que o Rev. Antônio Elias fechou aquela ilustração. Pois saiba que, todos os dias, quando você sai de casa e entra no seu carro, Jesus está ali com você, ao seu lado, observando tudo que você faz.
Pode parecer algo simplório, uma ilustração elaborada para uma criança. Mas comigo funcionou perfeitamente! Desde o dia que me converti, há 27 anos, decidi que ia levar uma vida correta. Que a Bíblia é a minha única regra de fé e prática e que agradar ao meu Senhor Jesus será sempre uma prioridade em minha vida.
Saí daquele culto com uma decisão tomada. Vou mudar totalmente a minha forma de dirigir. Já se passaram quase três décadas daquela mensagem, e eu posso garantir para vocês (sem brincadeira) que, se houvesse um prêmio para motorista mais gentil no trânsito, eu estaria concorrendo a ele.
Tomei uma decisão que renovo a cada dia. Quando saio de casa, procuro oportunidades para demonstrar gentileza no trânsito. Um carro para deixar entrar na minha frente, avisar a alguém quando a porta está aberta, não buzinar quando alguém demora a arrancar na minha frente... são pequenas ações, mas quando saio procurando por essas oportunidades, criei na minha mente um estilo de dirigir que me torna um motorista que conduz com mais segurança e que não cria um ambiente de ansiedade e nervosismo em um trânsito que já está carregado de estresse.
Temos muitos motoqueiros que correm atrás de fazer muitas entregas e que vivem correndo; e ainda estamos em uma época em que a ansiedade tomou conta de quase todas as pessoas. Posso, com minhas atitudes, não gerar uma mudança no quadro geral do trânsito em Belo Horizonte, mas certamente consigo afetar de forma positiva as pessoas que ajudo e auxilio no trânsito.
Se mais crentes começarem a agir da mesma maneira, tendo a mesma convicção de que Jesus está no banco do passageiro, podemos mudar uma cultura e ter um ambiente melhor no trânsito caótico de nossa cidade. Faça a sua parte e inspire outras pessoas!
- Pr. Eduardo Borges Pastor Auxiliar
