Jesus, quando chegou com seus discípulos em uma bifurcação rumo à Galiléia, cansado, com sede e com fome, sentou-se para descansar junto ao poço de Jacó. Ele opta por um caminho que todos os viajantes certamente evitariam, pois aquela rota levava à terra dos samaritanos. Era meio-dia e o sol estava escaldante. Seus discípulos desceram até a cidade samaritana para comprar comida.
Ao sentar-se, aproximou-se do poço uma mulher samaritana. Aquela mulher andou bastante para tirar água e foi em um horário em que o sol estava a pique. Possivelmente, ela estava evitando encontrar-se com as pessoas da região, pois tais encontros, pelo fato de ela ser mulher, samaritana e adotar um estilo de vida um tanto quanto questionável, era marcado por hostilidades. Jesus pediu-lhe que ela lhe desse um pouco de água. Espantada, disse Eu sou samaritana. Você é judeu. Como é que pede água a mim? Então, João explica que não havia nenhum relacionamento entre os judeus e os samaritanos.
Possivelmente, o que temos registrado no capítulo quatro do evangelho de João seja apenas um resumo do que pode ter sido uma longa conversa. Talvez essa tenha sido a única vez em que aquela mulher tenha encontrado bondade, compreensão, identificação e perdão, daí ter derramado a sua alma Àquele que era a água da vida. Aquela mulher, que durante anos viveu uma vida vazia de sentido, de amor e uma causa por que lutar, encontrou a água da vida, a vida, o perdão, a direção e uma missão.
Este texto tem muito a nos ensinar, mas eu gostaria de destacar, dentre tantas lições, apenas duas.
Primeira: Nenhuma pessoa está tão perdida que o Senhor não possa encontrá-la. Aquela mulher, assim como Raabe e tantas outras pessoas, estava perdida em suas escolhas, relacionamentos e pecados. Perdida, ela tentava se esconder, evitando tudo e todos, mas ali, no poço de Jacó, ao meio-dia, o Senhor a encontra. O Senhor mudou a rota, como fez quando foi ao encontro do possesso de Gadara. Para encontrar aquela mulher, passou por um local onde todo judeu em sã consciência evitaria. Porquanto o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido Lc 19.10.
Precisamos encarar o que somos e o que fizemos e ir a Jesus, pois só Ele pode saciar a nossa sede.
Segunda: Nenhuma situação é tão comum que o Senhor não possa usá-la para transformar o destino de uma pessoa. Você acha que o que faz e o local onde vive são comuns demais para Deus dar importância? Você se sente menor que todas as pessoas, o mais insignificante dos mortais? Você se vê como um verme, um desprezível, alguém sem valor? Aquela mulher fazia algo comum, em um local comum, num horário comum, mas o Senhor usou o ordinário para produzir mudanças extraordinárias em sua vida, família e na sociedade onde estava inserida. O mesmo Ele pode fazer com qualquer um que tem um encontro com Ele. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele. 1 Co 1.27-29
Pastor Roberto T. Santos | prroberto@oitavaigreja.com.br
